E ainda não há.

Ela queria ser amada.
Mas não bastava amor. Deveria haver gozo.
E não bastava o gozo. Deveria haver desejo.
Mesmo assim ainda não bastava. Deveria haver constância, presença, preenchimento.
Ela precisava ser amada.
Mas amor não bastava. Ela precisava de intensidade.
E ser intenso deveria Ser e ser a dois.
E ser a dois não valeria se não se completassem.
E para haver completude era preciso doação.
Ela doou-se. Ela doa-se. Ela espera.
Ela cansa. Ela arqueja. Ela esbraveja dentro de si.
Ela vive sem ar, com pulmões raquíticos, que deixam de trabalhar sempre que ele a olha como quem diz que não pode dar-lhe nada do que ela precisa, apenas um pouquinho de amor.
E ela se pergunta se amor pode ser dado aos pouquinhos.
Ela sabe que não.
Sabe também que está só. E está porque não há quem a dê tudo que precisa ao mesmo tempo.
Ou há... mas onde? Quando? Ela anseia e segue esperando.
Porque a única coisa que ela quer é ser amada.

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