Cordel do Amor

Um homem que fala a uma mulher
e não diz o que se quer ouvir
é melhor que mudo seja
que se retire da peleja
pra dor não a fazer sentir
É melhor que presença não haja
se sua ausência for sempre maior
É melhor que não a cative
se seu cuidado não for o melhor
É melhor que não a tente
se no fundo não tem a força que aguente
a saudade tolhida
e a vontade ferida
que fica dentro do peito
murcha, triste, sem efeito
sem sorriso e sem graça
que apenas amordaça
causando suspiros sem jeito
que não chegam no coração do sujeito
E ele tem tantas flores em seu jardim
que se duvida que carinho haja tanto assim
pra que ele possa dar-lhe
aquilo que ela espera
aquilo que por ela
ele tem à vontade
bem feito e de verdade
Mas sempre falta carinho
sempre falta presença
sempre falta um pouquinho
É o que ele pode dar
em meio a tanta loucura
mas a doce criatura
não aceita tão rara atenção
não aceita tão pouco de um coração
e por isso vai embora
vai querendo ficar
mas sabendo que não vai voltar
pois seu amor vale tanto
que não cabe mais no seu canto
e precisa de quem o queira receber
precisa de quem tenha com ela desejo de viver
precisa de encanto e de um canto
como uma casa de sereia
de poesia feita pelas veias
trançadas nos braços dos dois
porque amor pouco é pra depois
ou pra qualquer outro lugar
ela quer poder amar
do tanto que sentir de deve
sem ter quem a renegue
tendo sempre quem aceite
um cheirinho, um carinho e um deleite
dos braços da pretinha
que não entende como alguém ainda fica de ladainha
com promessa tão bem feita
de uma junção tao perfeita
que se perde no sonhar
e talvez por isso seja muito a se alcançar
com tanto sujeito frouxo
com tanto marmanjo solto
que parece que escondem por querer
o Homem que podem ser
se assim eles quiserem
e coragem eles tiverem
pra entregar-se pra viver.

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