Pela janela


Dia claro, dia lindo. Pela janela maracujás, besouros, pássaros, cajueiros. Pela janela vento, luz, o dia passando em metáforas lentas como aqueles desenhos nas nuvens. Pela janela ainda uma grade, mas que pode ser arrodeada porque além de janela há porta, passagem pro mundo lá fora onde as coisas acontecem.

Pela janela cuspo, olho, escoro, contemplo. Pela janela o mundo é bem pequeno.

Quadrado, limitado, gradeado.

Pelo outro lado também há janela, pra ver menina escorada, arrodeada com um mundo tão grande também, em letras e letras, metamorfoses do pensar. Um balaio só atrás das grades da janela com menina, caneta, papel, cinzas, gatos, desenhos, poesias, música, imensidão. Um mundo gigante que cabe no balaio da menina que descansa os olhos olhando pela janela o tempo passar levando junto tudo aquilo que nela não fez sonhos. Deixando no balaio tudo aquilo que a faz ser realidade se esvaindo nos tic tacs dessa grande arupemba, peito seu.

Stéphanie Moreira

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