Todas as obsolescências em mim

Enquanto o tempo passa, tentamos viver evitando conflitos enquanto tudo e todos os jogam sobre nós - ou o somos, na verdade. Evitamos nos desprender de nossos tão amados problemas que vão se reproduzindo ao nosso redor, dando crias cada vez piores, todas auto-destrutivas. A paz de espírito, a coerência, a coragem, as oportunidades, nossos queridos, vão todos juntos em direção ao passado.
Nos deixamos socar por todos os lados ou seremos masoquistas-passionais gozando a cada golpe?
O imprestável medo das mudanças é a mais grave perturbação de todos os tempos. Guiado por ideologias da permanência, da estabilidade, da segurança, artifícios de dominação, nos exasperamos ao nos defrontarmos com o peso que as cobranças sociais imprimem sobre nossas vidas. Chegam então angústias, insônias, pesares, dores de cabeça, dores no corpo, somatizações de quem não consegue se esquivar de sua própria cultura. A cultura é o meio, e nós, quebrando a cabeça pra fazer darem certo relações fadadas ao conflito.
Sou uma desviante. Minha casa-homem cai sobre minha cabeça pesando. A existência é conflituosa quando a moral é apropriada em paixões cegas pelo que deve ser, independente de como o corpo seja. Muitas mentes tem sido inflexíveis.
Minha indiginação é consequência de uma grande frustração. Todos os grandes pensadores traziam consigo uma questão guia relacionada a algo que os incomodava intimamente, ao contrário não teriam sido tão célebres em suas construções. Penso eu que os pensadores ordinários - onde agora me incluo - trazem à tona através de suas elocubrações (as mais deslocadas possíveis) sempre parte daquilo que lhes falta e que tenta ser preenchido com conhecimento, crença ou qualquer outro elemento de salvação. Assim talvez a inquietação torne-se menor que as angústias que causa e a tácita pensadora possa se sentir mais aliviada.
Esse texto me sua e me evapora. Torna-se quase música cantando uma canção da qual só se ouvem alguns tons, dada a distância da voz que grita e canta. É quase o último ecoar. Questiona como ver tanto e não poder fazer nada. Pensar é quase tão frustrante quanto não poder agir.

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