Carta de repúdio aos amantes fora de órbita

Eu, Perfídia, desbeloto-me sobre os amantes.
Sou deusa da incoerência, da traquinagem, da insanidade.
Eu, Perfídia, garanto o caos sobre os corpos, garanto o silêncio entre os amantes, garanto a agonia da des-sintonia.
Causo em ti, mulher, desejo de desistência, sentimento de desabrigo, medo da abjuração.
Prometo dar-te meios ignóbeis para retomares parte dessas rédias embora não o queiras assim. De forma banal. Fétida.
Abdica do teu homem antes que ele abdique de ti, seja como eu, Perfídia!
Houve conselho de quem causa a dor antes que seja necessário que a cause, eu mesma, em ti. Abandona teu homem pois ele é tua aflição e tua estreiteza. Abandona-o antes que o faça contigo.
Eu, Perfídia, adianto-te tua saída mais óbvia e assevero sobre tua teimosia: O amor é primoroso, mas em silêncio nada mais é que tu a esperar.
Preparo-te uma cama quente e aconchegante. Tudo que necessitas fazer é estar só e esquecer da latência no peito que te faz viva.

Comentários

Postagens mais visitadas