Ancestralmente conduzida


Você quer o poder?

Você tem o poder?

Olha homem você tem que me compreender

A reina da mina não caminha sozinha

Eu vejo seus espaços vazios

Me faço de vento, dentro deles caminho

Você não me vê de tanto olhar pra você

É confuso não perceber

Que eu não brinco de sede e prazer

A reina da mina não caminha sozinha

Ancestralmente conduzida

protegida bendezida

maldezida nessa boca tão ferida

Me olhe nos olhos

Não escape de mim

Não me negue seu rosto turmalim

Mas enfim também pode ser assim

A reina da mina também caminha sozinha

Rua noite cerveja pelas ruas perdida

Medellín Salvador Natal reconstruída

O caminho é sempre assim

Poesia callejera el viento pasa por mí

Leva a poeira por meus pés quase descalços

En chanclas para estar mais perto da terra e da nudez

Esqueço o mundo penso nos percalços

A política dos corpos quanta insensatez

A reina da mina parece ser ninguém

Não se engane eu consigo ver além

Liderança e fortaleza também são afeto e compreensão

Minha poesia é apenas um fragmento e eu não faço questão de ter razão

Mas não perco a visão

Nem o cheiro nem o tato

Nem o toque nem a perspectiva do contato

Caminho pelo centro sem sul e sem norte

Acredito no sabor da minha própria sorte

Meus fones, minhas tranças, meu mini short

Meu descompromisso com os padrões

A moral, el viche e os palavrões

Figuras efêmeras dessa existência híbrida e fêmea

A reina da mina transvestida em menina

O fogo e as chamas me compreendem e queimam comigo

Esse magma é meu mais doce abrigo

Política pele ancestralidade

Me encontro e me perco nessa louca cidade

Vadiar é meu maior sorriso

Ancestralmente conduzida

Você quer o poder?

Não precisa obedecer

O reino da mina é libertário

Virgem, leão, peixes, nado tudo ao contrário

Não me espere sentado

Mas não saia correndo

Daqui do trono eu estou sempre te vendo

E me revendo

Compreendo

Dar moral ao poder é perda de tempo

Você quer o poder?

Venha nu e descalço

Sente aqui ao meu lado

Te comparto minha lua

Quem sabe um pouco de mim nua

Quem sabe o ouro da mina sua

Quem sabe nesse reino só vazia rua

E minha carne crua

O afeto ancestral é cura


Mamba Negra

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