A Ira

Ela, a ira, tinha os cabelos revoltos e muito pouca paciência. Fazia caretas e gritava. Sua boca estava sempre bem aberta deixando ver os verbos e ventos todos de sua tempestade. Ela, a ira, concedeu a si mesma serenidade para entender o mundo, a vida, mas depois de vê-lo concluiu que apenas poderia ser ira e desejava ardentemente poder derramar-se sobre algum ignóbil imbecil transformando-se em socos e estardalhaços. Mas até a ira era sensata o suficiente para fingir-se lady. Dentro de si, no entanto, apenas retalhos e restos da farra que fizeram nela mesma, a plenas unhadas. A ira, no fim das contas, é covarde e otária. Permite-se consumida pelo desordem alheia tornando-se ela mesma a incongruência devota e nociva de função auto-destrutiva sobre a paz que poderia conter.

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