Quando ela não sabe se agradece ou se desculpa por ser

Eu queria que você soubesse o quanto me faz bem alguém que fomente meus sonhos e me diga que eu sou a força da natureza. Alguém que diga que entende minhas escolhas e que elas estão no lugar certo, eu só preciso seguir em frente, não desistir. O quanto é raro no mundo alguém que nos perceba, que dedique tempo nos olhando e se esforçando para não ver apenas as próprias projeções diante de si. Quando somos poesia precisamos verdadeiramente de uma leitura herética sobre nós para podermos ser compreendidas, para existirmos inteiras diante de alguém.

Agradeço por ter encontrado alguém reto, cético, minimalista, bom o bastante em apreciar figuras complexas que dentro de um corpo simples se mantém cultivando um roçado de grandes sonhos mesmo que não pareça fazer sentido. Talvez por projetar as memórias das motivações, desejos e inspirações da sua jornada disruptiva nos meus intentos de liberdade fique mais fácil amar em mim esse hábito de não fazer o que se espera.

Temo que se canse por me ver tão inacabada ao mesmo tempo penso que alguém que esteja pronto demais perde potência de futuro. Esse é um bilhete feito em um dia chuvoso, estranho, cansado e levemente frustrado. Ao fundo certo ódio das contingências do cotidiano, do desejo de ter o tempo de um homem branco médio e por ter que ligar pontos, ler pela madrugada, escrever em salas de espera, artigos acadêmicos feitos em Post-its, bloquinhos de eventos e folhas de guardanapo. Vez por outra eu varro meu marco metodológico por ter caído por trás das roupas que tenho por lavar.

Eu já sei que a cobra quando cresce precisa deixar para trás sua pele inteira. Ela, a cobra, também sabe, mas imagino que mesmo assim deve doer um pouco. À revelia,  seguimos crescendo. Sem pressa e ansiando ter você por perto. Peço que não se canse.

Dou trabalho mas vale à pena.

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