A Rede

A rede pra mim é o teu cheiro, o teu peito e o teu colo. É o absurdo desejado e o desejo construído na seqüência dos dias e daquilo que por um instante pensei não poder ser.
A rede tem o balanço do conforto e do teu abraço, tem o esbravejo do sentir corpóreo e algum requebrar ajeitante que sempre acaba em um nó bem dado. Os teus cabelos na minha cabeça e os meus pés nas suas pernas. Os seus dedos nas minhas mãos e os seus olhos em algum lugar pra dentro de ti e de mim.
A rede como espaço de negação... banquete que já na bandeja se néga a ser deliciado.
A rede é o espaço do segredo, pois sente e não fala. Abraça, permite, envolve e afaga enquanto não abandona e não detém fora dela mesma tudo que ali quer se jogar.
Nessa rede sou peixe falsamente distraído. Morro pela tua boca, fora d'água e afogado, com um delicioso desfalecer em ar. E me parece absurdo em teu mar não poder nadar.

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