Ela Sonhava

Ele dormia como o sol ao entardecer, amolecendo em dourado diante dela. Havia algo perfeito em seu contorno, em seu peito nu embalado leve no ritmo de seu respirar. Mãos mortas sobre si com seus dedos tocando levemente sua cintura baixa, lúdica, rústica e (in)tensa. Em sua boca entreaberta quantos beijos não poderiam caber, e mesmo nos sonhos que agora aventura dentro de si sem saber dos transbordes de um conjunto de coisas que não se configuram em nada, mas que são meio de desejo e meio de contenção, dualismo que se destrincha no caminho entre o fraternal e o pecaminoso, o sujo e o amoral.
Ele dormia e, enquanto isso, ela sonhava.

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