BeijoBesta


Fui beijada como se fosse um pote de mel.
Fui chamada doce... me senti uma coisa sem braços e sem língua,
sem saber mover-me nem dizer nada que não fosse desnecessário.
Calei-me.
Fui beijada novamente, como se alguém abraçasse uma almofada com os lábios.
Senti-me um morango sendo mordido, com seu suco derramado num escanteado recanto de entre-lábios.
Fui uma fruta qualquer no café da manhã de alguém que se despertou com fome da noite anterior,
e sabia ser aquela a única das acerolas.
Amarga, mas doce e única, naquele momento.
Fui beijada e me senti como todas as frutas, cheias de sabor, digeridas, memoradas.
Não tenho a sorte das frutas. Me lembro.
Não sei se me sinto saciadora ou cardápio.
Não sei de minhas frutas todas conjugadas no passado.

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