Quando acordei sem vocês

acordei em silêncio com os ben-te-vis me vendo desde a copa do cajueiro ao lado. eles cantavam para me dar boas vindas e dizer da energia do dia que começava.
o silêncio por falta de vocês me foi propício. o silêncio me fez não sentir falta de mim.
desse modo que, aqui, calada e sonolenta, me questiono sobre o que o mundo lá fora pode ter oferecido dentre as opções que igualmente não aceitaria. o peso dos úlitmos dias me deixou cansada e voltada para dentro de mim, infelizmente não tanto quanto gostaria. queria olhar pra fora e ver meus pensamentos me dizendo organizadamente o significado das palavras que voam e resvalam nas paredes da minha cabeça num balé labiríntico com 'ites' inflamatórias em sua sanidade.
sem vocês aqui a manhã foi criativa, calada, conexa. me vi com minha doença psicosomática e minha aventura psico-viajante. sono e preguiça psicóticos querem matar meu desejo de escrever, produzir, pensar, mostrar ao mundo que interessa saber o resultado de minha empreitada em busca de formas de subsistência e de formas de ver retalhos de existência através de pequenas e restritas lentes.
acordei sozinha por amor do destino pra que todas as palavras que me levavam pra qualquer lugar pudessem sair agora me livrando esse espaço em mim e me nutrindo de outros pensamentos livres - e completamente acorrentados em suas heranças psico-teórico-políticas.
nesse instante não seria mal tê-los aqui. me retornaria o desejo, a agonia, o amor, o carinho, o cansaço e o remancho. mas estou bem assim. torno-me leve e anseio pela saudade que se inicia em ver em vocês olhos deslumbrantes e bocas magníficas vendo e proferindo toda sorte de representações que encantam pseudo-poetizas abertas para o cativar cotidiano e intectual.

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