Inferno Astral

Olá. Muito prazer. Me chamo Pessoa, leonina pura, nascida na noite, filha de Iansã. Minhas características "a priori", pensadas a partir destas referências, transmitem um imagem objetiva de parte de mim, uma parte tão incontível que se perde e me excede, de forma tal que está sempre latente, subcultâneo, passível de ser tocado e de tornar-se explosível. Um pouco disso eu sou agora. Um pouco daquilo que paulatinamente combinou-se, pretendeu-se e acidentou-se é também o que me faz. Eu, pessoa, me debruço em conhecimento mas me perco da compreensão. Sou enciclopédia? Sou revista? Sou cartaz? Muito longe da resenha crítica ideal e muito mais aquém do romance brasileiro de requinte intelectual. Possuo potencialidades como são as possibilidades, mas nenhuma de fato grandemente desenvolvida como se compusessem juntas, um belo leque de glórias ordinárias. Tenho um humor sarcástico e seco por vezes que consegue ainda se construir em paralelo a uma auto-crítica necessária e dolorosa, para que não sejam determinantes em nenhum tempo ou situação os traços que me são impostos por Leão ou pela Noite... nem eles me bastam. E dizer isso pode ser tomado como uma confirmação apriorística também já que reafirma o laço comportamental, de personalidade. Com um futuro promissor e um presente desconectado da realidade invisto minha tarde em pensar coisas do cotidiano o que inclui obviamente a filosofia, as artes, e principalmente as saudades, tentando fazer delas alguma coisa que é uma só e que se pretende harmônica, minha forma de ser viva sendo o banzo rude e doce ao mesmo tempo que apático de agora.