Entendimento

No fim das contas Iasmim já havia percebido o que havia vivido e o que tinha lhe restado.
Ela não foi amada, foi curtamente desejada. Como pirraça, como prêmio, como sonho. Só que ela vivia no mundo real, onde não havia lugar pra aquilo que vem depois. Ela não era importante, não era necessária, não era conveniente.
Agora para ela, pensar nisso era uma constatação sem grandes lamúrias, como quem já houvesse entendido que murro na ponta das facas corta a mão.
A cada dia o telefone tocava menos. Os acasos diminuíam. A cada dia percebia que algo naquilo tudo tinha sido mentiroso. Os tons que houvia não soavam mais como a voz que tentou apaixonar-se por ela, soavam como... como algo vazio de sentimentos. Então ela olhava para dentro de si e dizia: Paixão, vá embora. Esse peito já não te apetece pois esqueceste de adentrar o peito do outro, que não ama. Mas a paixão é teimosa e só faz o que quer.
Ela lembrava do último abraço, derrubando os objetos do redor, sem nenhuma preocupação maior além de abraçar. Como ela queria entrar nele naquele abraço! Mas, se ele sempre esteve fechado, nada ali entraria. Nem a teimosa paixão que a incomodava naqueles dias loucos.
E sobre isso Iasmim não tinha o que dizer. Lembrou de quando ouviu um nome de mulher sair da boca dele no mais intrigante 'ato falho' seguido de uma expressão facial raparigal. Depois disso ainda pensou... quantas não devem ter estado nessa boca, como palavras e como beijos... justamente junto comigo. Não era o que queria. Nem mesmo precisava daquilo. Pra quem tanto tentou, pra quem tanto dispôs... Iasmim sabia o que deveria fazer. Só não havia entendimento dentro dela para saber como. E dele nada nunca dependeu porque ele nunca foi seu. E agora sua angústia era se perguntar, calada e contida, o que naquilo tudo havia sido verdade.

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