carta de amor quatorze di outubro di doismilivintiquatro

Gosto do jeito que você dorme com a mão suavemente disposta sobre o meu seio, nossas pernas entrelaçadas tentando entender para onde caminhar.
Gosto de sentir seu coração bater nas minhas costas quando dorme tão abraçado assim que seu peito parece pulsar dentro do meu.
O cheiro dos teus cabelos entranhou na minha saudade. Seus dreads longos e grossos caindo sobre os meus, finos e curtos, nos juntam, mas não nos misturam tanto assim. A terra quando recebe raízes não se torna uma planta por conta disso. Sigo sendo terra esperando que algo brote entre nós.
Gosto de ter poesia para dizer que te amo assim forte e leve sem precisar te olhar enquanto digo, porque a palavra me assusta. Aquelas dores-mulher-negra ainda me assombram, eu já vi tanto que desconfio de mim quando sinto certa que você me ama. Penso no silêncio-homem-negro que ecoa em você e faço disso a trilha sonora do nosso filme, vivendo pedaços inteiros ao teu lado.
Gosto até do jeito que você me olha como quem espera o tempo passar até que eu te entenda, sem derramar o que já madurou em si sobre a minha ardência em transição. E a forma como vejo sua ansiedade acontecer indo e vindo enquanto te olho em silêncio me aquieta parte da agonia para que eu abrace a sua.
Nosso silêncio é confortável, nossas discordâncias são colocadas em elegância, ninguém se machuca nesse tom. Gargalhar contigo é uma dança livre e farta.
Gosto que a lua da tua praia ilumina a areia da minha, e penso que a cabana poderia ser uma só. Gosto de você junto de mim e a poesia acalma o peito quando não sei bem o que fazer com isso.

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