dentro
eu me pergunto o que estou fazendo com minha poesia
escrevendo cartas de amor vagabundas
que sequer penso em enviar
que quando envio
sequer penso em receber de volta
algo que valha o quanto vale minha alma
derramada em papel
lamento por mim quando insisto com o tempo
que tem seu ritmo independente do que eu queira
e por me manter escrevendo em um blog
há longos treze anos
sem intenção alguma de mostrar isso a ninguém
somente porque antes eu perdia meus cadernos
e os fragmentos da minha memória desconectada da realidade
penso com firmeza que preciso escrever
é algo que devo a mim mesma
como uma obrigação sublime
e lamento comover-me com o que não preenche
por não querer preencher
quando escrevo sinto que não adianta ser poeta da pele para fora
não adianta inundar o sertão
a água lá não rende
e por compromisso comigo
sigo escrevendo
no único lugar onde a intensidade faz sentido
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