Carta de Amor . oitodimaiodidoismilivintium

 To aqui procurando um canto pra te guardar onde não doa nem aperte de saudade.

Já pensei em te botar na sacolinha da maconha, no compartimento de cerveja da porta da geladeira, na playlist que meu vizinho me obriga a compartilhar. Tudo que eu menos preciso é que alguém me cante sobre amores que se vão.

Pensei em te deitar na rede da varanda, lá onde habitam os da tua espécie. Pensei em te guardar no sofá, e sentar em cima.

Já perdi a paciência e fui te jogar no pé do Morro do Careca, bem perto das pedras da praia, bem mais longe daqui, mas me distraí olhando a paisagem e acabei te trazendo de volta pra casa.

Te guardei nos meus peitos, na minha bunda, na minha pretice mais escura, naquela marquinha que tu gosta de olhar, e aí tu ficasse preso nos nós do meu cabelo, me enganchei em tu, fiquei presa. Fiquei te olhando feito um vulto dentro da minha casa, tive ciúme do teu corpo real, na vida real e até na virtual.

E aí eu to aqui procurando um canto pra te guardar onde não doa nem aperte de saudade.

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