Carta de amor . novedimaiodidoismilivintium

escrevo cartas de amor para dissipar meu fogo e minha água

antes de chegar em você

para que não fuja assustado, preocupado, oprimido, enraivecido ou confuso

porque eu – inteira – sou gigante

a poesia ensinou e meu amor já recitou

repetidas vezes – sê toda em cada coisa

me acostumei a ver pessoas fugindo como se previssem a queda do meteoro que dizimou os dinossauros

mas era apenas eu chegando, despretensiosa

então comecei a encher potes com os temperos da minha intensidade

e lotar todos os armários da cozinha, do quarto, da sala

sei que minha melhor comida derrama quase todos eles na panela de uma vez

não tenho problema em comer só se esse é meu melhor sabor

mas gosto de servir mesa para dois

filha de minha mãe, me deito nas águas doces

escolho um lago para ver toda a lua

alta e cheia

brilhar por inteiro