Circularidade

Andar em círculos não necessariamente é permanecer no mesmo lugar
Assim me lembrou a mulher Iorubá
Numa noite quente de dendê
Quando as idéias fluíam como farinha ao vento do padê
Encruzilhadas epistemológicas cruzadas ao refazejo de outras lógicas
Alongando o pensamento em chão de poeira
Aprendi que ensinamento se dá em cima de uma esteira
Errando pela madrugada buscando a árvore que gira outras órbitas
Alinhadas à civilização que detém o domínio sobre a cor
Somos homens e mulheres de cor
Porque sabemos colorir o tom que quase sempre se derrama em vermelho
São três meses longe do espelho
Para sempre nos vermos com olhos infinitos
Meia noite de magia cheia das palavras que estão guardando o dia de amanhã
O vento de Iansã desordenará a biblioteca do povo cego e guardará intacta a oralidade resguardada sob el cielo
Dos seres de cor
Guardiões da luz
Andar em círculos para seguir adiante
Todo o tempo contido no instante da encruzilhada
O medo e a certeza do limite da arriscada
Do risco e do desenho
Redondo
Eterno
Infinito
No encontro inquieto dos tempos

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