Insônia



Estou em um transe onde o sono me toma
e a insônia me persegue como minha sombra à luz do sol.
Sou tomada por toda sorte de pensamentos...penso em infantes terríveis e me vejo irritada...
logo depois percebo e rio de mim...
penso nos amores da vida, me vejo, percebo...
e rio sozinha dos pequenos cacos de ilusão tão aquecedores...
A rádio AM do quarto ao lado embala a inquietude da cama desajeitada,
nem torta, nem plana.
Coloco a culpa no mate... até no café que não tomei...
meus olhos caem mas minha cabeça me trai...
E nessa noite, sem anônimos nem presenciais alentos,
o tempo insiste em passar...
Órion segue por todo o céu
e meus olhos insistem em não fechar.
Refugio-me em Zila.
Imagino que parte de seus poemas podem ter saído de noites de insônia.
Mas de certo penso mais no mar de janeiro que traz sorrisos.
E tento dar cor à noite e à insônia...
minha companheira de noites a fio.
Da cama inquieta sigo vendo as chamas.

Comentários

Anônimo disse…
também não consigo dormir. um cachorro late lá embaixo, parece que a culpa é dele. e a mente segue vendo o que não está lá.

um carro carcaça desgovernada sem ninguém ao volante
os bueiros entupidos cuspindo chuva insetos e objetos anônimos
um vento sujo corre
e estamos todos presos na barriga dessa máquina horrível
e a máquina vai sangrar até morrer
o sol caiu
os outdoors nos olham maliciosamente
não restou nenhuma bandeira nos mastros

aconteceu assim:

os prédios caíram sobre si mesmos
mães agarrando os bêbes que se seguravam e puxavam seus cabelos
os gritos na rua
o horizonte estava lindo em chamas
todo o concreto o ferro e as vigas retorcidas lançadas para cima, uma fina neblina laranja cobrindo o mundo

eu disse me dê um beijo, você é linda
esses são os últimos dias
você pegou minha mão sem dizer nada
e a febre dominou tudo

acordamos uma manhã
e caímos ainda mais
você disse com certeza é aqui, o vale da morte
eu abri a minha carteira
e ela estava cheia de sangue

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