Muximba

Muximba quando fica assustado não sabe o caminho até a boca. Se perde pelo meio do corpo, assim calado, feito bicho embrenhado no mato cujos olhos incandeiam com luz de lanterna, mas o corpo ninguém vê e a voz ninguém escuta. Aqui, acolá,  um grito na mata, mais para longe do que para cá, no meio de uma agonia banto pelo desejo do dengo dendê.

Muximba de bicho fêmea, kokoro, afeta-se por um roçar, pelo cheiro das folhas e das suas partes inteiras não tocadas. Não é feito bicho de cidade, uiva um lamento sertanejo, teme não ser compreendida por poeta agreste entregue fácil, com uma essência tão distante daquele povo das terras de longe, extensas e cheias de muitas pessoas por todo lado. Muximba de bicho fêmea chega antes do resto do corpo, sem isso, nem chegar saberia.

Enquanto Okan teme, ori diz: tenha calma. Não passaram ainda duas luas grandes para alumiar o que se esconde em seu caminho e, em água turva minha fia, não avance sem cuidar. Apesar de tudo, ela o queria.

Muximba tem visto muito, mas não consegue lidar, anda cansada que só, precisa de um colo para se deitar.

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