para curar o meu homem

amo você como quem pariu a fogueira de são joão
e guardou a brasa de lembrança entre as próprias coxas
amo você como quem sangra em noite de lua cheia
abandonando a dor do dia anterior
das vidas passadas
dos males de sempre
amo em película de vidro
para você não se quebrar quando cair
pois não quero ver meu homem negro sangrar outra vez
lá fora é voraz frio e cinza
meu homem azul não brinca
de cortar com navalhas
de se esconder sob cortinas manchadas
de perder mais batalhas
amo você mergulhado em meu peito, seios e anseios
semeando Zembi em meu ventre
e dizendo que posso caminhar com seus pés quando os meus doerem
amo você sem me importar se para sempre ou para quando
embora para agora e que arda como a brasa da fogueira que guardo entre minhas pernas
com a qual te queimo todas as noites
junto com a carta de despedida que escrevi
no dia em que você chegou

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