Pássaro sentado

Eu já não quero mais ser uma mulher forte, o pássaro fênix que sempre ressurge das cinzas, dos fundos de poço. O pássaro sagrado que voa mais alto e tem todas as paisagens diante de si. Eu não sou forte porque escolhi ser, sou porque não me resta opção. Isso lá é fortaleza? Será que força é sobrecarga? O que será minha força? Qual será minha guerreira negra? Só mesmo aquela que não pode adormecer a própria existência? É que meu facão tá sem fio, minhas asas são só pernas, meus pés doem. Eu quero me sentar.
Não quero ser pássaro pois quando choro chove tanto que caem os barrancos. Todo pássaro merece escolher o próprio ninho, o próprio destino, o seu descanso, mas se embaixo é tudo mar me afogaria ou aprenderia a nadar? Sigo com asas enormes que fazem sombra sobre minha felicidade já que de tão alto o voo não há no mundo quem me acompanhe. Carrego pelos ares a sina das Yá Mi - incompreendidas em seu poder padecem uma solidão, no planar lúgubre. Desfragmento-me ao olhar o lar vazio. Precipito pedaços internos e derrubo com eles novos barrancos.
Olha lá, em uma dessas minha casa ruiu.

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