Aos poucos podemos perceber como precisamos de algo que nos prenda em nós mesmos. O mundo está diariamente trazendo motivos para nos desprendermos do que há dentro de nós, de nossos objetivos, do auto conhecimento, da relação com a natureza, com o cosmos, com os deuses ou com Deus. Enfim, o que quero dizer é que tendemos a nos separar da essência da vida, daquilo que existe para trazer vida. Ao aceitarmos o transitório, os amores passageiros, os desejos diários e que são saciados com facilidade, sem grande observação ou mínima percepção das ações que os acompanham, como comprar por comprar, falar por falar, festejar por festejar... quando vivemos a vida sem um objetivo maior pré-re-pensado e resignificado, a cada dia a vulnerabilidade é o que temos de mais acessível. Pode ser considerado clichê mas “o que vem fácil vai fácil”. O mais difícil de se fazer é o mais fácil a se falar e nos parece um grande clássico e ao mesmo tempo outro grande clichê: “conhece-te a ti mesmo”. Ocupar nossa mente com o que traz saúde, com sanidade, com paz, com amor a si... com amor ao que não precisa do nosso amor: plantas, animais, natureza, vento, existências outras que não a nossa ou a de pessoas que queremos nossas. Digo amor a tais coisas e seres porque esses, é fato, nunca serão possuídos. Nunca os teremos e assim aprenderemos a amar sem possuir. A posse traz a possibilidade de perda, mas nada que é vivo nos pertence. No entanto não estamos acostumadas a pensar assim em relação a pessoas. Elas vivem, nós a amamos, mas erramos no momento em que achamos que elas podem ser nossas. As pessoas assim como o vento são delas mesmas. O que os diferencia é apenas o livre-arbítrio que têm as pessoas... o vento se vai quando um conjunto de fatores colabora para que isso aconteça. Ele simplesmente vai. As pessoas se vão quando um conjunto de fatores colabora para que isso aconteça ou simplesmente quando querem ir. Isso não nos cabe julgar, mensurar, decidir. Por isso é que temos que saber que podemos querer e amar, mas não controlar. Não há saída para a vida. A morte não é saída para a vida - sendo o fim ou sendo passagem ela não é saída. A saída para a vida é aprender a viver.
Mesmo o mundo não sendo um lugar bonito há detalhes que fazem valer a pena. Mães, pais, irmãos, bebês aprendendo a sorrir. Isso não pode simplesmente perder o valor. Seria absurdo e egoísta. É absurdo e egoísta pensar assim. O mundo não é perfeito porque nós não o somos. Nosso mundo é o que fazemos dele. Se formos egoístas o mundo nos dará egoísmo. Se formos fracos apanharemos do mundo. Isso não quer dizer que para sermos fortes teremos que bater no mundo... sobreviver é uma conquista e viver é uma arte. Ninguém nunca disse que viver é fácil, mas o que é fácil num mundo cão?

Comentários

Giovanna disse…
Palavras de encantamento, bonita!

ah, tô devendo uma visita nesses seus dias de "casa no campo e rocks rurais".

Um beijo!

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